Nos primeiros seis meses de 2025, o Brasil registrou 315 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos, o equivalente a 84% de todas as ocorrências na América Latina. Esse volume já se aproxima do total registrado em todo o ano anterior, o que revela uma escalada significativa da atividade criminosa no ambiente digital brasileiro.
Entre os países da região, apenas México, Colômbia e Chile aparecem na sequência, mas com índices muito inferiores.
O perfil dos ataques
A análise das cadeias de ataque demonstra que a maior parte das ofensivas ocorre nas fases finais da operação criminosa, com 309 bilhões de tentativas de negação de serviço (DDoS) e 28 mil incidentes de ransomware já identificados. Além disso, destacam-se:
- 41,9 milhões de atividades de distribuição de malware;
- 52 milhões de ações ligadas a botnets;
- 1 bilhão de ataques de força bruta;
- 2,4 bilhões de tentativas de exploração de vulnerabilidades.
Esse quadro mostra ataques cada vez mais rápidos, direcionados e voltados à interrupção de serviços ou à extorsão.
Por que o Brasil é tão visado?
Dois fatores ajudam a explicar essa concentração:
- Alta rentabilidade — grandes corporações e setores estratégicos movimentam dados e valores expressivos.
- Baixa maturidade digital — mesmo com investimentos crescentes, o nível de preparação das organizações ainda está aquém da sofisticação dos ataques.
Essa combinação faz do país um alvo especialmente atrativo para criminosos.
Inteligência artificial como defesa
Uma das principais apostas do setor de cibersegurança é a integração de ferramentas baseadas em inteligência artificial (IA), que permitem reduzir o tempo de resposta a incidentes de meses para menos de uma hora. O desafio atual não é apenas detectar ataques, mas contê-los e neutralizá-los antes de causarem impacto nos sistemas.
Novas soluções apresentadas incluem:
- Recursos de criptografia preparados para a era quântica, já incorporados a sistemas de segurança;
- Plataformas para gestão de identidade, armazenamento seguro e comunicação protegida.
O horizonte da computação quântica
Há um movimento de grupos criminosos para armazenar dados roubados hoje, com a expectativa de decifrá-los quando a computação quântica se tornar prática. Isso exige que camadas de criptografia sejam repensadas desde já, de modo a proteger informações mesmo diante das tecnologias do futuro.
Formação de profissionais
A segurança digital não depende apenas de tecnologia, mas também de capacitação humana. Programas de treinamento gratuitos têm como meta formar até um milhão de profissionais no Brasil até 2028, com cursos e certificações em língua portuguesa para diferentes perfis.
O dado mais relevante é que o Brasil vive um período de alta exposição digital. A combinação entre economia atrativa, baixa maturidade em segurança e transformação tecnológica acelerada exige respostas rápidas, coordenadas e sustentáveis para reduzir riscos.