TECNOLOGIA E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL SÃO USADAS NA PRESERVAÇÃO DAS PONTES BRASILEIRAS

17 de julho de 2025

Mais de cinco mil pontes em operação no Brasil foram construídas há mais de cinquenta anos. A falta de manutenção adequada tem levado à deterioração de muitas dessas estruturas, com episódios de colapso já registrados, inclusive com perda de vidas humanas. Diante desse contexto, a engenharia nacional tem buscado alternativas tecnológicas para prevenir novas ocorrências e promover uma gestão mais eficiente da malha viária.

Uma das abordagens que vem ganhando espaço é a manutenção preditiva, baseada na aplicação de inteligência artificial e aprendizado de máquina. Trata-se de um sistema que analisa grandes volumes de dados e imagens para detectar anomalias estruturais ainda em estágios iniciais, antes que se tornem riscos à segurança pública. Entre as funcionalidades, estão o reconhecimento de falhas invisíveis a olho nu, o cálculo do nível de risco e a organização de intervenções com base em critérios técnicos.

Esse modelo de inspeção já está sendo aplicado em milhares de pontes no país, incluindo obras de grande porte como a ponte que liga o Rio de Janeiro a Niterói e a ponte localizada em Laguna, no sul do Brasil. A tecnologia adotada no Brasil é baseada em experiências internacionais e foi projetada para atender aos parâmetros técnicos estabelecidos pelas normas nacionais. Os relatórios emitidos classificam os problemas estruturais por grau de severidade, fornecendo subsídios para decisões como reforços, inspeções complementares ou monitoramento contínuo.

A responsabilidade pela adoção das medidas apontadas nos relatórios técnicos permanece com os administradores das estruturas, sejam eles entes públicos ou empresas concessionárias. Desde 2013, contratos firmados com governos estaduais, órgãos federais, universidades e empresas privadas têm possibilitado a expansão do uso dessas ferramentas no país.

A partir de 2023, novas frentes de inovação foram abertas com a criação de uma empresa voltada exclusivamente para o desenvolvimento de soluções digitais aplicadas à engenharia de infraestrutura. Entre os recursos empregados está uma plataforma que utiliza inteligência artificial treinada com décadas de dados estruturais para mapear falhas, gerar modelos tridimensionais e acompanhar a evolução de danos ao longo do tempo. A solução já foi testada em sistemas de transporte e reservatórios em outros países e tem mostrado resultados expressivos em precisão e agilidade diagnóstica.

O custo dessas tecnologias varia conforme o tipo de inspeção — que pode incluir sensores, drones e análises visuais — e a frequência dos levantamentos. Ainda assim, especialistas apontam que os investimentos em manutenção preventiva são significativamente inferiores aos valores necessários para reconstruir estruturas após colapsos.

Diversas entidades ligadas à engenharia têm chamado atenção para a importância de se estruturar políticas públicas permanentes de monitoramento e preservação das pontes brasileiras. A adoção de planos de manutenção de longo prazo, com base em dados técnicos confiáveis, pode representar não apenas economia de recursos públicos, mas também a proteção da vida de milhares de pessoas que utilizam diariamente essas infraestruturas. O uso inteligente da tecnologia, aliado à responsabilidade na gestão, tende a se consolidar como prática essencial na conservação do patrimônio viário nacional.