TRANSFORMAÇÕES FISCAIS E TECNOLÓGICAS: COMO A REGULAÇÃO ESTÁ REDESENHANDO A GESTÃO EMPRESARIAL

25 de julho de 2025

A conformidade tributária está passando por uma transformação silenciosa, porém profunda, impulsionada por avanços tecnológicos e pela reconfiguração das normas fiscais. À medida que países como o Brasil caminham para um novo modelo tributário, exigências mais detalhadas de prestação de contas e digitalização de processos vêm moldando o modo como as empresas se relacionam com o Fisco.

O novo desenho da tributação no Brasil, marcado por reformas estruturantes e pela complexidade de tributos já existente, exige que as organizações repensem a forma como estruturam seus sistemas de gestão fiscal. Uma das mudanças mais relevantes é a substituição dos antigos relatórios baseados em declarações por estruturas que operam com dados originários das operações. Isso possibilita maior automação, reduz custos operacionais e proporciona auditorias mais eficientes, desde que haja uma gestão documental padronizada e integrada entre áreas estratégicas.

Outro ponto de atenção é a ampliação do volume e do tipo de informações exigidas pelos órgãos reguladores. A obrigatoriedade de dados mais detalhados, como os relacionados à sustentabilidade e ao impacto ambiental das atividades empresariais, implica uma articulação mais estreita entre os setores de tecnologia da informação, compliance e fiscal. A integração dessas áreas passa a ser condição para atender às novas obrigações legais com segurança e precisão.

As infraestruturas digitais entre empresas também vêm sendo redesenhadas. O modelo baseado em redes abertas e comunicação entre quatro partes permite maior interoperabilidade e facilita o cruzamento de informações em ambientes B2B, aumentando o papel do Estado como participante ativo na gestão desses fluxos informacionais. Empresas que atuam com diferentes sistemas precisarão investir em soluções que favoreçam essa conectividade e assegurem a confiabilidade das transmissões eletrônicas.

A relação entre plataformas de gestão empresarial e sistemas de compliance tende a se tornar mais integrada. Ainda assim, a adoção de soluções especializadas, com fornecedores distintos, se mostra recomendável como estratégia para preservar a inovação e manter o foco em eficiência operacional. A opção por tecnologias flexíveis, que se adaptem às exigências regulatórias em constante mudança, será decisiva para a sustentabilidade da operação fiscal.

Por fim, destaca-se o uso cada vez mais estratégico dos dados corporativos. A visibilidade em tempo real das informações contábeis, fiscais e operacionais favorece a tomada de decisão e abre espaço para o surgimento de serviços voltados à consolidação e análise dessas bases. No entanto, esse avanço não vem sem desafios. Grandes grupos empresariais, que operam com múltiplos sistemas e estruturas descentralizadas, terão que enfrentar barreiras técnicas e organizacionais para alcançar o nível de integração exigido pelas novas normas.

Neste novo ambiente regulatório digital, o domínio tecnológico deixa de ser um diferencial e se torna parte do próprio processo de conformidade. Organizações que compreenderem esse movimento com antecedência poderão transformar obrigações legais em vantagens competitivas.