POR QUE AINDA É TÃO DIFÍCIL ESTUDAR COM A AJUDA DA INTERNET?

25 de junho de 2025

A disseminação acelerada da tecnologia criou um paradoxo delicado: embora o saber circule com liberdade inédita, muitos continuam distantes das oportunidades oferecidas pelo universo digital. No século XXI, possuir conexão de qualidade e aparelhos adequados permanece privilégio de poucos, ameaçando ampliar disparidades educacionais que já eram profundas.

Falar em inclusão digital é ir além do fornecimento de infraestrutura. Trata-se de assegurar participação efetiva na cultura tecnológica. Isso significa condições de acesso, mas também desenvolvimento de competências que permitam a cada estudante aprender com apoio de recursos digitais, adquirir fluência em ferramentas contemporâneas e exercer plenamente sua cidadania em uma sociedade interligada.

A experiência da pandemia de COVID-19 expôs, com clareza dolorosa, as consequências da exclusão. Alunos sem rede, sem equipamentos ou sem orientação adequada viram as portas da aprendizagem se fecharem. Transformar essa lição em ação exige mais do que digitalizar a escola; é preciso democratizá-la.

Programas públicos de conectividade universal representam um ponto de partida, mas não bastam. As instituições devem estar equipadas, os docentes precisam de formação voltada ao uso pedagógico da tecnologia e os currículos devem contemplar a educação digital como direito básico. Hoje, ler e escrever inclui saber lidar com dispositivos, software e informação em múltiplos formatos.

A inclusão digital também reflete questões sociais mais amplas. Desigualdades econômicas, raciais e territoriais influenciam diretamente o acesso e o uso das ferramentas tecnológicas. Portanto, conquistar equidade nesse campo requer investimentos direcionados, ações afirmativas e diálogo permanente com as comunidades escolares.

Quando bem estruturada, a inclusão digital expande o horizonte educativo. Permite personalizar percursos de aprendizagem, unir saberes diversos, aproximar estudantes de realidades distintas e preparar jovens para mercados de trabalho em mutação constante. Entretanto, a tecnologia precisa estar a serviço de um projeto pedagógico comprometido com justiça social. Uma escola verdadeiramente inclusiva não apenas acolhe: ela assegura participação efetiva e oportunidades de sucesso a todos os seus alunos.

Garantir inclusão digital é garantir o direito à educação plena. Não se deve permitir que a revolução tecnológica aprofunde o abismo entre quem possui recursos e quem não os tem. Construir uma escola conectada — à internet, aos contextos de vida dos alunos e ao futuro que os aguarda — é passo fundamental para transformar trajetórias por meio do conhecimento.