QUANDO A FALHA NO ATENDIMENTO VIRA AÇÃO JUDICIAL

30 de abril de 2025

Quando um cliente publica uma reclamação no Reclame Aqui, nem sempre ele quer mover um processo. Na maioria das vezes, ele só deseja ser ouvido e ter seu problema resolvido. Mas quando a empresa ignora o contato, responde com mensagens automáticas ou promete soluções que não se concretizam, a situação muda de tom. O que era apenas uma tentativa de diálogo pode acabar no Poder Judiciário.

Empresas que atuam no ambiente digital precisam compreender que a experiência do consumidor vai muito além da compra. O atendimento pós-venda, o suporte técnico, os canais de comunicação e até a forma como se responde publicamente a uma crítica impactam diretamente a reputação da marca. E, se houver descaso ou despreparo, o prejuízo pode ser jurídico.

O que se vê nos tribunais é uma ampliação das discussões sobre danos morais ligados à quebra de confiança. Um cliente que não consegue cancelar um serviço, não recebe resposta para um problema recorrente ou se depara com atendimento ríspido em chats e redes sociais pode alegar violação à boa-fé objetiva, que é um princípio básico nos contratos.

O erro, muitas vezes, não está no produto ou serviço em si, mas na forma como a empresa lida com o erro. Ignorar o cliente ou dar respostas genéricas pode ser entendido como desprezo ao vínculo contratual. E quando isso se soma à exposição pública da reclamação, o argumento de dano à imagem e sofrimento emocional ganha força.

Por isso, mais do que corrigir falhas técnicas, é essencial que a empresa trate com seriedade as manifestações dos consumidores, mesmo quando feitas fora dos seus próprios canais. O Reclame Aqui, as redes sociais e até o WhatsApp passaram a integrar o ambiente onde a relação de consumo se desenvolve.

Quem cuida da experiência do cliente, cuida também da saúde jurídica da empresa. Uma resposta bem pensada pode evitar não apenas a perda do consumidor, mas também uma condenação judicial.