O PAPEL DA ALTA GESTÃO FRENTE AOS DADOS PESSOAIS NA ERA DA INFORMAÇÃO

5 de maio de 2023

Jorge Alexandre Fagundes

A adequação de uma empresa à proteção de dados pessoais é crucial para estar em conformidade com a LGPD no Brasil. Não basta limitar-se a documentos jurídicos e programas de tecnologia da informação – as equipes dentro do empreendimento precisam participar ativamente e a alta direção precisa se envolver. Mesmo que a lei não exija literalmente sua participação, é importante que os empresários responsáveis pelo sucesso do negócio entendam o valor moral e o capital dos dados pessoais e sua relevância no mercado. Ignorá-los pode ter consequências negativas para o negócio.

Nesse sistema ao qual descrevo como tríade da aplicação da LPGD, legalidade, tecnologia da informação e pessoas que movem um ativo de valor considerado, contínuo e crescente, a alta gestão indubitavelmente precisa entender seu papel fundamental nesse processo, com intrínseca resiliência frente as ações estratégicas e com o desígnio de romper os desafios do empreendimento em relação a nova era da informação e dos dados pessoais, pois a beleza etérea do big data pode transmutar para big failure ou big success.

O papel da gestão na era da informação


Até agora, a vasta gama de informações e dados pessoais para integração da cadeia de suprimentos, gerenciamento de relacionamento com o cliente, automação da força de vendas, colaboração em grupo de trabalho e a venda de tudo, de ações a automóveis deve deixar perfeitamente claro que a era da informação evoluiu além do papel de mera infraestrutura de apoio à estratégia de negócios.


Hoje, os CEOs não podem evitar a big data nem delegar os problemas que ela levanta a outras pessoas. A estratégia de negócios e a era dos dados tornaram-se tão interligados que grandes falhas corporativas frequentemente determinam a continuidade do CEO. Na Era da Informação, as questões devem ser adotadas de forma proativa. Infelizmente, a maioria dos CEOs está mal equipada para esse novo mundo. De fato, surpreendentemente poucos fornecem a liderança necessária.


Os CEOs que já demonstram contato relevante com à era da informação compartilham uma crença comum e intuitiva. Eles veem os dados como um fator de primeira ordem na elaboração de estratégias, não de segunda ordem. Como diz Yuval Noah Harari no seu livro Homo Deus afirmando que a internet de todas as coisas poderá em breve criar um fluxo de dados tão imenso e tão rápido que mesmo algoritmos humanos aprimorados não darão conta dele.

Viver a era da informação compreende um conjunto de comportamentos sutis e suaves que ao longo do tempo se tornam óbvios e profundos dentro da organização, envolve comportamentos ativos, todas questões de desenvolvimento estratégico de negócios. Manter-se a par das novas tecnologias não é apenas vislumbrar novas aplicações e possíveis implicações; significa saber quais perguntas fazer sobre as iniciativas atuais e perceber quando e como fazê-las.


O posicionamento de CEOs como um fator de primeira ordem na formulação de estratégias na big data impulsiona três aspectos críticos do gerenciamento de informações dentro de suas organizações: a forma como as estratégias são criadas; a forma como o investimento potencial é avaliado e sancionado; e como os projetos de implementação dos planos de investimento aprovados são criados e administrados.

Que o mercado é implacável com organizações desatentas e enraizadas em culturas céticas com novas formas de negócios não é novidade, contudo estar conectado com o presente da era informacional é condicionante para sobreviver e até evoluir na cadeia de oportunidades, a big data é custo, retorno de investimento, matéria prima, fator produtivo, ativo e indexador de confiança junto a sociedade, nenhum outro elemento na esfera das organizações recebeu tanta importância tão rapidamente quanto os dados.


Assim, é vital para as empresas, seus administradores e executivos a participação ativa na concepção dos valores do principal ativo dados e sua acessória e extraída informação, não é somente uma questão protocolar de adequação a normas e leis de um país, é combustível para toda nave que regida por um bom piloto possa almejar um lugar mais alto nessa nova realidade mercadológica.